terça-feira, julho 08, 2008

Juno


Finalmente assisti "Juno", o tão badalado filme que apresentou Diablo Cody ao mundo. E lamentei não ter ido ao cinema logo na estréia. Simplesmente uma obra-prima. Atuações excelentes de Ellen Page, Michael Cera, Jason Bateman, Jennifer Garner, Allison Janney e J.K. Simmons solidificam a qualidade da história. Mas a estrela principal do filme é mesmo o roteiro. Ele consegue, sem nenhum tipo de maniqueísmo, simplificar as complexas relações e reações que a sociedade estabelece e sofre quando encara uma bomba que foge do "padrão moral".
A situação trágica da adolescente grávida é um plano de fundo extremamente verossímil para a apresentação de personagens ainda mais verossímeis. Não existem estereótipos como na maioria dos filmes de Hollywood. Os agentes da trama não são "idealizados" e isso colabora para o maior efeito que o filme causa: o público se apaixona pelas personagens - e com extrema naturalidade.
Pra ficar em um exemplo, a personagem principal, Juno (Ellen Page), não é uma rebelde "porraloka", nem uma santinha idiota. É uma menina de 16 anos extremamente ácida, mas com uma visão completamente infantil e pueril das coisas ao seu redor. As toneladas de gírias que suas falas carregam disfarçam pensatas brilhantes (e, ao mesmo tempo, frívolas).
Pensatas, aliás, que pipocam por todo o roteiro. O filme não promove uma ou duas, mas várias reflexões. Das menores coisas às maiores.
Como se não bastasse, "Juno" arranca risadas do espectador, fazendo uso desde comédia pastelão até de um humor extremamente inteligente.
Minha maior impressão durante todo o filme era de estar mergulhado em alguma obra machadiana moderna. As relações dos personagens, a simplicidade da história, a realidade das situações abordadas e, principalmente, o intenso contato com o íntimo social, com a essência humana. Me senti lendo os contos de Machado de Assis.
Juno é, segundo a mitologia romana, a mulher de Júpiter (Zeus, na versão de Roma). Uma mulher tão linda quanto cruel. E essa é a melhor descrição do filme. Um safanão travestido de uma maravilhosa tragicomédia.

segunda-feira, junho 23, 2008

7 Notinhas Musicais

  • Antes de qualquer tipo de comunicação escrita, de qualquer código de linguagem formal, nossos ancestrais comunicavam-se através do som. Até hoje, a maioria dos animais se comunica dessa forma. Esse fato isolado já seria suficiente para comprovar a importância que a música exerce nas pessoas.
  • Não existem limites para a música.
  • Não falo sobre letras elaboradas ou bobinhas, que causem catarse nos ouvintes. Falo de som, harmonia. A matemática da evolução das notas e o efeito que essas escalas provocam em cada um me faz pensar em outras dimensões, em outros graus espirituais.
  • A música é uma das pontes entre nós e os outros - seja lá quem são.
  • Existe um tipo para cada emoção e momento que possamos viver. Pode até ser que você viva situações inesperadas, mas a música já as havia antecipado.
  • Há quem critique os arquivos digitais de música, argumentando que a obra do artista acaba prejudicada pela forma como os sons são compactados. Eu não concordo. Sou fã do Ipod e MP3's em geral. Não abro mão de carregá-los pra cima e pra baixo. Pra mim, a simplicidade da companhia substitui a complexidade qualitativa.
  • Os tocadores de áudio portáteis ditam a trilha sonora do cotidiano.

quinta-feira, junho 19, 2008

Boa sorte

Expectativas são pesadas. Geram esperança, responsabilidade. Termos extremamente sérios. Quando você atinge o que é esperado de você, não fez mais do que o dever. Mas sempre existe a chance de você falhar. Não que isso seja um grande problema. Os erros fazem parte da vida e são eles que nos fazem acertar. E te ensinam a superar expectativas, quem sabe?
O problema é quando a fama, na falta de um termo melhor, arquiteta a expectativa.
Quando uma pessoa é extremamente boa no que faz, cria-se quase que um alter-ego da mesma. Um ser desprovido de incapacidades e falhas. É quando você não pode mais ser medíocre, normal. São as tais "expectativas desleais" que a cabeludinha chata canta com o mestre Harper.
É o que acontece com a Seleção Brasileira. É o que acontece comigo - em alguns setores.

Quer saber? Prefiro assim.
A cobrança é uma das mais sinceras formas de reconhecimento.

Só fica a dica, pra mim e pra Seleção: a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo. Sempre!

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Lesões

O mês não foi dos mais felizes para os brasileiros futebolistas.
Primeiro foi Ronaldo que, mais uma vez, teve uma lesão séria no joelho - dessa vez, o esquerdo. No sábado, foi a vez de Eduardo Silva - que de croata só tem o documento - sofrer um duro golpe na carreira: fratura exposta da perna, após entrada violentíssima do zagueiro adversário.
A pergunta que não pára de martelar em minha cabeça é referente ao futuro desses jogadores.
O que aconteceu com Ronaldo poderia ser previsto com muito mais facilidade, pois o Fenômeno tem histórico de lesões musculares e tendinites. Era claro que o físico de Ronaldo não era dos mais atléticos. É claro que ninguém se atreveria a dizer que o tendão do atacante poderia estourar novamente, mas as contusões dele já não eram mais surpresas. O drama maior de Ronaldo é, certamente, a idade. Com 31 anos, o Fenômeno já entra na fase final da carreira. Faltará motivação para um jogador que já ganhou tudo. Será que Ronaldo conseguirá - e desejará - dar a volta por cima e superar mais esse obstáculo? Eu acredito em Ronaldo, mas não olho com preocupação para o seu caso. Mesmo que ele tenha a carreira encerrada com essa lesão, o atacante não tem mais nada pra provar. Já é Fenômeno.
Minha preocupação fica por conta de Eduardo Silva.
O menino carioca não precisaria ter a perna pendurada pelo meião para viver um drama ou ter uma história interessante para entrar em sua biografia. Sua carreira e sua vida já recheariam algumas belas páginas. Vascaíno de coração, foi à Croácia fazer carreira e perseguir seu sonho de se tornar jogador. Conseguiu, virou ídolo, herói nacional! Ganhou nacionalidade croata e vaga na seleção - classificada para a Eurocopa - após muita desconfiança dos croatas (que mal conseguiam pronunciar seu nome corretamente, imagino eu). Nessa temporada, foi contratado pelo Arsenal para substituir ninguém menos que Henry. Novamente, enfrentou muita desconfiança e, mais uma vez, superou-a. Quando estava ganhando destaque em seu time, um legítimo british centerback lhe parte a perna. Coisas do futebol, dirão. Não sei... Ainda não tenho uma opinião formada sobre a entrada do zagueiro, se foi maldade ou grossura. Fato é que Eduardo Silva vai atravessar um hiato em sua carreira. Vai sair do time, vai perder o resto da temporada, vai perder a Eurocopa. Espero que consiga, mais uma vez ², superar essa fase.
Eduardo Silva deve seguir com sua carreira, pois não merece ser lembrado como um mártir. Merece ser lembrado, futuramente, como Ronaldo.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

A natureza íntima das coisas

Novembro passado foi marcado por uma "acirrada" disputa unipartidária pelo Diretório Acadêmico do Centro de Comunicação e Letras do Mackenzie. O partido único venceu e assumiu a responsabilidade de comandar o pólo da representatividade estudantil dos cursos de comunicação da Universidade. O que marcou, no entanto, foram as disputas entre a oposição (ela existia, só não conseguiu homologar sua candidatura) e a situação.
Denúncias, respostas e argumentos foram despejados nas páginas da Internet e nos muros dos prédios envolvidos. Como em toda época de eleição, a maioria dos alunos se interessou e tentou mostrar suas verdades. Pra encerrar o bolo dos clichês político-estudantis, os dois grupos se emaranharam após um protesto do grupo opositor no dia da eleição.
O mais curioso, no entanto, eram as acusações que os grupos trocaram: o uso do dinheiro destinado ao Diretório para a cobertura de despesas pessoais dos "poderosos". Notas fiscais que provavam os almoços de um no McDonald's ou o pagamento de um táxi até a casa de outros. Aquisições de celulares, aquários e outros cacarecos...
A época de eleições passou e as denúncias perderam a voz (na verdade, perderam sentido, pois para os "politicozinhos", o erro alheio é arma na disputa eleitoral, não ato criminal).
Pizza universitária.

O poder traz facilidades e felicidades e a "profissão político" é uma ponte curta para atingi-lo. No final das contas, os homens são iguais em sua essência. O que acontece no Planalto Central, acontece no nosso quintal. Tudo na mais perfeita escala.