sexta-feira, março 27, 2009
Assessorias de Imprensa
O nascimento da função, no entanto, vem de muito antes dessa migração de jornalistas das redações para as assessorias. Em 1909, o então presidente Nilo Peçanha cria um setor específico para cuidar da transmissão de publicações, informação e propaganda do governo. Durante a década de 30, torna-se política de Estado o controle e disseminação de informações por meios de comunicação de massa. Diversos órgãos de controle foram criados nos anos seguintes, tais como o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC) e o Departamento Nacional da Propaganda (DNP). A filtragem jornalística era branda até o início da Ditadura Militar.
É compreensível o interesse político no controle informacional. Acredita-se que, manuseando a informação, cria-se a verdade. Fazendo uso da credibilidade que os meios de comunicação em massa possuem, os políticos aprenderam desde cedo a lidar com seu eleitorado através da mídia.
No setor privado, a assessoria de imprensa apareceu no Brasil com a Volkswagen, com a contratação do jornalista Alaor Gomes, chamado para formar uma organização privada para atuar com relacionamento planejado. O setor foi nomeado de “Seção de Imprensa”, incluído na Divisão de Relações Públicas. Alaor juntou-se, posteriormente, a Reginaldo Finotti (também jornalista) e fundou a Unipress, primeira assessoria de imprensa independente do país.
A assessoria de imprensa privada foi logo percebida como uma ponte sólida para agir sobre a agenda pública, informar e obter uma imagem positiva. Era marketing com credibilidade jornalística. A prática rapidamente popularizou-se, tamanha eficácia e inteligência da mesma.
A polêmica desse assunto é grande. Há muita gente gabaritada que defende a tese de que um jornalista não pode exercer a função de assessor, uma vez que trairia os preceitos básicos da imprensa – afinal, o assessor de imprensa atende uma entidade maior, que é seu contratante. Em Portugal, por exemplo, um jornalista que atua em assessorias é expulso do sindicato. A outra mão da assessoria é a facilidade criada para as redações de jornais, que passaram a ter, em seus próprios membros, as fontes. Jornalistas entendem jornalistas e, exatamente por essa simbiose, cria-se uma relação de benefício (quase) total para ambas as partes.
A sociedade tem a ganhar com essa relação. Basta que os jornalistas de redação não rejeitem o manual básico de apuração jornalística. O assessor não é mais – há muito tempo – um mero emissor de releases. Hoje, a assessoria de imprensa representa mais uma engrenagem da máquina produtora e executora de informações e interpretações do macroambiente.
quinta-feira, março 19, 2009
Piratas do Vale do Silício

terça-feira, março 17, 2009
Sala de espera

Estou na sala de espera da dentista, postando do meu celular. Nao que eu fosse fazer algo melhor em casa, mas a idéia de perder grande parte da tarde em uma gélida sala desalmada, cercado por leitura fútil, me incomoda um pouco... Pelo menos posso aproveitar as maravilhas tecnológicas do nosso mundo moderno pra registrar, em texto e imagem, o meu martírio... Salve a conectividade! O mundo digital derrubou barreiras gigantescas. Se posso usá-lo nesse propósito tão tolo, é inimaginável o numero de possibilidades que essa ferramenta nos pode fornecer se pensarmos um pouco mais a respeito... É nossa obrigação, enquanto seres dominantes. Por ora, chega: a doutora finalmente me chamou pra consulta... Deixo a reflexão para você, leitor.
sexta-feira, março 13, 2009
Jornalismo S.A.
Achei melhor escolher essa sentença pra iniciar o post para não soar azedo, mascarado. Tiro meu chapéu para o dentuço carioca que, merecidamente, conquistou o apelido de Fenômeno. Mas já passou do ponto.
Claro que o gol que ele fez contra o Palmeiras (marca direito, Marcão!) foi importante. Afinal, o maior artilheiro da história das Copas do Mundo voltou a balançar as redes após mais um difícil renascimento. Talvez o gol tenha sido maior que o jogo em si, sei lá... Mas a cobertura da mídia foi patética. Cléber Machado deixou de narrar a peleja para descrever as gotas de suor que escorriam pela (enorme) bochecha de Ronaldo.
E o circo não parou por aí. Só se fala no Fenômeno.
É importante ressaltar que o mundo do ludopédio não parou nessa semana. O Palmeiras não conseguiu ganhar, novamente. O São Paulo reencontrou o bom futebol. O Santos foi, mais uma vez, medíocre (excessão feita ao jovem Neimar, que é promissor). Vasco, Botafogo, Colo-Colo, Liverpool, todos os times do mundo também jogaram - assim como Ronaldo.
Só que o Gordão vende jornal, atraí audiência. Essa superexposição parece comprovar o quão comercial é o modelo que o jornalismo segue atualmente. Essencialmente, a cobertura da volta do Fenômeno é apelativa e sensacionalista e, ao contrário do que Galvões Buenos da vida bradam, não é uma reverência ao talento e garra do mesmo.
Vale lembrar que, com tanta coisa de mais importante acontecendo no planeta, o Jornal Nacional reservou mais de dois minutos de sua programação para uma exclusiva ao vivo com Ronaldo, na segunda após o dérbi paulistano. Do jeito que a coisa anda, se Ronaldinho se machucar, a Rede Globo vai mandá-lo fazer fisioterapia na casa do Big Brother.
quinta-feira, março 12, 2009
Backstreet's Back
Recrutamos os entrevistados em comunidades do orkut e fã-clubes oficiais da banda. Muitas pessoas retornaram nosso contato, querendo demonstrar o amor pelos BSB. Conseguimos colher muita informação e muitas histórias interessantes. Todas as entrevistas (cerca de 20) foram feitas através de e-mails.
Quando julgamos ter material suficiente para montar a matéria, sentamos e traçamos a linha do texto. Elaboramos quais temas e entrevistas iríamos utilizar e só juntamos as peças do quebra-cabeça.
Não pare de brincar com meu coração!
Por Bruna Prado e Guilherme Odri
“Hoje mesmo passei numa loja e comprei um esmalte preto. Todo mundo do meu serviço ficou me zoando, mas tenho que ir ao show a caráter. Afinal, o meu Backstreet Boy favorito é o AJ”. Quem conta o caso é Leandro Juvêncio do Reis, 21 anos. Em pouco tempo de conversa, percebemos que certas coisas o tempo não cura. Alguns sentimentos permanecem congelados, inerentes à passagem dos anos, apenas esperando para que qualquer catalisador os faça aquecer e aflorar novamente. Paixões infantis são mais do que descobertas. São influências.
Os Backstreet Boys ilustraram a geração dos anos 90. Foi o grupo de maior apelo pop da última década do século XX. Segundo o Guinness Book, a banda lidera o ranking de vendas entre boybands no mundo, tendo vendido mais de 120 milhões de CDs no planeta. A história dos BSB começa em 1993, quando Lou Pearlman, um empreendedor da área de aviação dos Estados Unidos, recrutou cinco garotos para serem agenciados por ele. Em 1994, a banda assinou contrato com a gravadora Jive Records e estourou no planeta inteiro em 1996, com o hit “Quit Playin’ Games (With My Heart)”. No ano de 1997, a consagração foi atingida com o álbum “Backstreet’s Back”.
No Brasil, os Backstreet Boys arrasaram. Não havia uma pessoa de 10 a 20 anos que não conhecesse a banda. As danças eram imitadas, as meninas brigavam pra “namorar” determinado integrante. “Cada uma das minhas amigas gostava de um diferente, então a gente levava os pôsteres pra escola e estendia no chão na hora do recreio e ficávamos babando!”, relata Tatiana Barbosa Del Nero, 21 anos (fã desde os 10). Fanatismo puro. “Nunca fui fã de ninguém. Não entendia como era ser 'fã' de alguém. Em janeiro de 97, ouvi a primeira canção dos caras. Três semanas depois, encontrei uma revista falando sobre eles. Acho que foi 'amor à primeira lida'”, diz a jornalista Milene Peres, 23 anos (dos quais 11 contaminados com a febre BSB). Em 2000, na primeira vinda da banda ao Brasil, mais de 45 mil pessoas se amontoaram na frente do hotel para conseguir ver os ídolos de perto.
Ou eles, ou eu!
Já teve gente que quase estragou o namoro por causa dos olhares e passos de dança dos “garotos da rua de trás”. E engana-se quem pensa que se trata de uma garota. “Me lembro de um mico que paguei uma vez no shopping center Norte. Era a pré-venda do ‘Millennium’ e eu fui com a minha namorada comprar o CD (ela nunca gostou de BSB). Chegando na loja, vi que tinha um livrinho com fotos e textos do álbum para deixar de divulgação na loja. Fiquei desesperado para conseguir o livrinho. Pedi para minha namorada chegar em um vendedor e pedir o livro de presente, dizendo que ela era muito fã. Ela se negou. Eu queria tanto o livrinho que pedi para uma moça que estava na loja falar com eles. A menina comentou: ‘Mas você está com sua namorada’. E eu respondi: ‘Não, ela é minha prima’. Final da história: Deixei minha namorada no shopping e fui na Pizza Hut com a menina. Ganhei o livrinho, e tenho ele até hoje”, conta André Cruz, de 20 anos. E a namorada? “Mais de semana sem falar comigo”, relata. Quem se importa?! O que vale é a souvenir dos BSB.
Lembra-se do Leandro, do começo da nossa história? Ele pintou o quarto de azul e preto, as cores de um álbum da banda. “Na época que os BSB deram tempo, fiquei com receio de ser o fim. Pra que a poeira não baixasse, resolvi pintar o meu quarto de preto e azul e escrever no teto ‘Black and Blue’! Colei um monte de pôsteres na parede, no teto, no armário. Todos que entravam no meu quarto não acreditavam que era o quarto de um homem”, diverte-se.
Mais que paixão: inspiração
Nem só de comédia se faz o fanatismo. Os ídolos, como dissemos, exercem influência sobre os fãs. De vez em quando, essa influência é positiva. Rejane Silva de Oliveira, 24 anos, resolveu aprender inglês por causa dos Backstreet Boys. “Eles inspiraram o meu amor e o das minhas amigas pela música. Formamos até uma banda, batizada de ‘Sweet Girls’! Eles também nos incentivaram a aprender inglês. Em 1999, entramos no curso de inglês juntas só para poder aprender a cantar as músicas e entender tudo o que eles falavam”, conta.
Patricia Matos, 23 anos, foi mais fundo: moldou sua carreira acadêmica e profissional a partir dos Backstreet Boys. “Sou estudante de Rádio e TV e, ano passado, produzi um documentário sobre a primeira vinda deles ao Brasil. Eu queria mostrar a visão das fãs. Além disso, eu desenvolvo uma pesquisa acadêmica sobre o mesmo tema. Costumo dizer que a pesquisa é a minha auto-análise, pois o objetivo é tentar descobrir porque as fãs agem de determinada forma. Também trabalho com produção fonográfica e sou musicista. Meu amor por eles foi fundamental na escolha da minha profissão e dos rumos da minha carreira”, relata.
Os Backstreet Boys voltaram ao Brasil em março. Todos os entrevistados estiveram lá.
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Vó Dirce
Havia te prometido um texto aqui "no computador", como você costumava dizer. Passei os últimos dias me remoendo atrás de respostas, mas a verdade é que não consegui encontrar nenhum motivo forte o bastante para não ter cumprido minha palavra.
Sinto como se tivesse te decepcionado. Espero, de coração, que não seja verdade. E tenho certeza de que você está lendo, acompanhando.
É difícil demais colocar num texto o que você é. Sabe, sempre te vi como um highlander, uma semideusa. Nesses 20 anos de convivência, acompanhei sua travessia por inúmeras dificuldades gigantescas. A perda do amado marido, um derrame fortíssimo, uma cirurgia de grande porte, embolia, pneumonia...
Você resistiu bravamente.
Consigo entender isso. Você tinha um motivo óbvio para ficar aqui, neste plano: a nossa família maravilhosa, que você ajudou a construir. Com o seu jeitinho de durona, foi formando as estruturas do nosso clã. Você queria tudo do seu jeito. E, cativante que é, conseguiu. E mereceu, como poucos. Você nos deu muitas alegrias e memórias que não vão se perder. Isso eu te garanto. Não vou deixar.
Vou sentir saudades da sua risada, das suas tiradas venenosas, dos seus comentários impróprios. E de te telefonar. E de atender seus telefonemas. E das suas análises durante os jogos do Palmeiras (fiquei sabendo da sua curiosidade sobre o placar da última partida que você acompanhou daqui). E dos almoços nos domingos. E das festas de fim de ano... Enfim, de toda você.
Continue sempre assim, onde quer que esteja.
Te amo.
Fique com Deus.
terça-feira, julho 08, 2008
Juno

A situação trágica da adolescente grávida é um plano de fundo extremamente verossímil para a apresentação de personagens ainda mais verossímeis. Não existem estereótipos como na maioria dos filmes de Hollywood. Os agentes da trama não são "idealizados" e isso colabora para o maior efeito que o filme causa: o público se apaixona pelas personagens - e com extrema naturalidade.
Pra ficar em um exemplo, a personagem principal, Juno (Ellen Page), não é uma rebelde "porraloka", nem uma santinha idiota. É uma menina de 16 anos extremamente ácida, mas com uma visão completamente infantil e pueril das coisas ao seu redor. As toneladas de gírias que suas falas carregam disfarçam pensatas brilhantes (e, ao mesmo tempo, frívolas).
Pensatas, aliás, que pipocam por todo o roteiro. O filme não promove uma ou duas, mas várias reflexões. Das menores coisas às maiores.
Como se não bastasse, "Juno" arranca risadas do espectador, fazendo uso desde comédia pastelão até de um humor extremamente inteligente.
Minha maior impressão durante todo o filme era de estar mergulhado em alguma obra machadiana moderna. As relações dos personagens, a simplicidade da história, a realidade das situações abordadas e, principalmente, o intenso contato com o íntimo social, com a essência humana. Me senti lendo os contos de Machado de Assis.
Juno é, segundo a mitologia romana, a mulher de Júpiter (Zeus, na versão de Roma). Uma mulher tão linda quanto cruel. E essa é a melhor descrição do filme. Um safanão travestido de uma maravilhosa tragicomédia.
segunda-feira, junho 23, 2008
7 Notinhas Musicais
- Antes de qualquer tipo de comunicação escrita, de qualquer código de linguagem formal, nossos ancestrais comunicavam-se através do som. Até hoje, a maioria dos animais se comunica dessa forma. Esse fato isolado já seria suficiente para comprovar a importância que a música exerce nas pessoas.
- Não existem limites para a música.
- Não falo sobre letras elaboradas ou bobinhas, que causem catarse nos ouvintes. Falo de som, harmonia. A matemática da evolução das notas e o efeito que essas escalas provocam em cada um me faz pensar em outras dimensões, em outros graus espirituais.
- A música é uma das pontes entre nós e os outros - seja lá quem são.
- Existe um tipo para cada emoção e momento que possamos viver. Pode até ser que você viva situações inesperadas, mas a música já as havia antecipado.
- Há quem critique os arquivos digitais de música, argumentando que a obra do artista acaba prejudicada pela forma como os sons são compactados. Eu não concordo. Sou fã do Ipod e MP3's em geral. Não abro mão de carregá-los pra cima e pra baixo. Pra mim, a simplicidade da companhia substitui a complexidade qualitativa.
- Os tocadores de áudio portáteis ditam a trilha sonora do cotidiano.
quinta-feira, junho 19, 2008
Boa sorte
O problema é quando a fama, na falta de um termo melhor, arquiteta a expectativa.
Quando uma pessoa é extremamente boa no que faz, cria-se quase que um alter-ego da mesma. Um ser desprovido de incapacidades e falhas. É quando você não pode mais ser medíocre, normal. São as tais "expectativas desleais" que a cabeludinha chata canta com o mestre Harper.
É o que acontece com a Seleção Brasileira. É o que acontece comigo - em alguns setores.
Quer saber? Prefiro assim.
A cobrança é uma das mais sinceras formas de reconhecimento.
Só fica a dica, pra mim e pra Seleção: a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo. Sempre!
terça-feira, fevereiro 26, 2008
Lesões
Primeiro foi Ronaldo que, mais uma vez, teve uma lesão séria no joelho - dessa vez, o esquerdo. No sábado, foi a vez de Eduardo Silva - que de croata só tem o documento - sofrer um duro golpe na carreira: fratura exposta da perna, após entrada violentíssima do zagueiro adversário.
A pergunta que não pára de martelar em minha cabeça é referente ao futuro desses jogadores.
O que aconteceu com Ronaldo poderia ser previsto com muito mais facilidade, pois o Fenômeno tem histórico de lesões musculares e tendinites. Era claro que o físico de Ronaldo não era dos mais atléticos. É claro que ninguém se atreveria a dizer que o tendão do atacante poderia estourar novamente, mas as contusões dele já não eram mais surpresas. O drama maior de Ronaldo é, certamente, a idade. Com 31 anos, o Fenômeno já entra na fase final da carreira. Faltará motivação para um jogador que já ganhou tudo. Será que Ronaldo conseguirá - e desejará - dar a volta por cima e superar mais esse obstáculo? Eu acredito em Ronaldo, mas não olho com preocupação para o seu caso. Mesmo que ele tenha a carreira encerrada com essa lesão, o atacante não tem mais nada pra provar. Já é Fenômeno.
Minha preocupação fica por conta de Eduardo Silva.
O menino carioca não precisaria ter a perna pendurada pelo meião para viver um drama ou ter uma história interessante para entrar em sua biografia. Sua carreira e sua vida já recheariam algumas belas páginas. Vascaíno de coração, foi à Croácia fazer carreira e perseguir seu sonho de se tornar jogador. Conseguiu, virou ídolo, herói nacional! Ganhou nacionalidade croata e vaga na seleção - classificada para a Eurocopa - após muita desconfiança dos croatas (que mal conseguiam pronunciar seu nome corretamente, imagino eu). Nessa temporada, foi contratado pelo Arsenal para substituir ninguém menos que Henry. Novamente, enfrentou muita desconfiança e, mais uma vez, superou-a. Quando estava ganhando destaque em seu time, um legítimo british centerback lhe parte a perna. Coisas do futebol, dirão. Não sei... Ainda não tenho uma opinião formada sobre a entrada do zagueiro, se foi maldade ou grossura. Fato é que Eduardo Silva vai atravessar um hiato em sua carreira. Vai sair do time, vai perder o resto da temporada, vai perder a Eurocopa. Espero que consiga, mais uma vez ², superar essa fase.
Eduardo Silva deve seguir com sua carreira, pois não merece ser lembrado como um mártir. Merece ser lembrado, futuramente, como Ronaldo.
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
A natureza íntima das coisas
Denúncias, respostas e argumentos foram despejados nas páginas da Internet e nos muros dos prédios envolvidos. Como em toda época de eleição, a maioria dos alunos se interessou e tentou mostrar suas verdades. Pra encerrar o bolo dos clichês político-estudantis, os dois grupos se emaranharam após um protesto do grupo opositor no dia da eleição.
O mais curioso, no entanto, eram as acusações que os grupos trocaram: o uso do dinheiro destinado ao Diretório para a cobertura de despesas pessoais dos "poderosos". Notas fiscais que provavam os almoços de um no McDonald's ou o pagamento de um táxi até a casa de outros. Aquisições de celulares, aquários e outros cacarecos...
A época de eleições passou e as denúncias perderam a voz (na verdade, perderam sentido, pois para os "politicozinhos", o erro alheio é arma na disputa eleitoral, não ato criminal).
Pizza universitária.
O poder traz facilidades e felicidades e a "profissão político" é uma ponte curta para atingi-lo. No final das contas, os homens são iguais em sua essência. O que acontece no Planalto Central, acontece no nosso quintal. Tudo na mais perfeita escala.
terça-feira, novembro 13, 2007
Parabéns para mim
Caramba, o tempo passa. Assustadoramente rápido. Nunca mais vou ter 18 anos. Parece uma idiotice, mas é fato. "Nunca mais" sempre me mete medo.
O zerar do relógio caiu como um piano na minha cabeça. Uma ligação burocrática, um aperto de mão, três abraços, alguns presentes e algumas mensagens no MSN e celular. Tudo meio vazio, plastificado.
Vazio, aliás, como nunca antes. É o meu primeiro aniversário no novo mundo da maturidade. O meu aniversário não é mais o evento do dia. É o que eu sinto. Preferia esquecer, dormir até o dia 14.
O que estamos celebrando mesmo?
Aniversários sempre me pareceram uma grande idiotice. Qual o mérito de sobreviver por 12 meses?
Enfim, hoje eu completo 228 meses de sobrevivência. Queria escrever sobre isso, mas a realidade é que eu não faço a menor idéia do que seja isso.
Acho que tenho mais 12 meses para descobrir...
sábado, novembro 10, 2007
Hupokrisis
Fui obrigado a faltar nas aulas da faculdade porque o compromisso que eu havia marcado para a manhã atrasou. Deveria ser realizado às 9 horas da manhã, mas só pude chegar ao local por volta das 11. O motivo: a van que me levaria ficou presa no trânsito. Quase duas horas de "anda um pouco, pára". As motos costurando violentamente, os carros tentando achar espaços inexistentes. Além do trânsito, os automóveis prestam uma enorme contribuição para a destruição do meio-ambiente. A cidade saturou.
E a hipocrisia só ajuda a saturá-la ainda mais.
O tal compromisso era a prova teórica do Detran, que me permite tirar a habilitação e me tornar mais um elemento destruidor da cidade.
sexta-feira, setembro 14, 2007
Vergonha Nacional
Eis o primeiro resultado:

terça-feira, agosto 21, 2007
sexta-feira, agosto 17, 2007
Perfil
Fomos a um restaurante vegetariano. Lá, uma senhora de chapéu nos chamou a atenção. Um rosto europeu, coberto pelo cabelo do Alice Cooper. No corpo, um surrado moleton. E um chapéu de guia de safári. Pensamos se tratar de alguma turista australiana perdida na selva paulistana. Depois de uma série de especulações sobre a moça, resolvemos começar a entrevista. Foi quando ouvimos uma voz meio baixa:
-Boa a comida daqui né?! Boa, bonita e barata...
As conclusões do papo iniciado ali:
Irene Ribeiro é um símbolo da periferia do usual.
“Sou o Amyr Klink da terra”. É dessa forma que Irene Ribeiro responde quando perguntada sobre sua identidade. Aliás, apenas Irene (ou Irene Que Vai Pelas Beiras das Ribeiras), pois essa excêntrica senhora não gosta de “fazer parte de nenhum clã”... Foi por esse motivo que fugiu dos pais, no final da década de 80.
Nativa de São Paulo, Irene morava com a família num bairro de classe-média alta, em Alto de Pinheiros. Por causa de uma oportunidade de emprego, os pais decidiram se mudar para Embú das Artes, no interior paulista, onde morariam em um condomínio fechado. A idéia aterrorizou Irene, que resolveu aceitar o convite de um amigo para morar na casa dele, em Ilhabela. Lá, porém, foi expulsa pela mulher do colega e passou a morar em um carro, um Chevette. Depois de passar seis meses no “Chevettão”, como ela gosta de chamar, resolveu ir para Embú, morar com a família. Não que lhe agrade, mas ela não tem escolha. Irene vive na mesma casa desde 1987. Perdeu o pai para o câncer. O irmão se mudou para uma casa na frente da sua. A irmã e a mãe continuam juntas de Irene. A mãe tinha uma escola de artesanato e a irmã se dedica a defender os direitos dos animais. Irene mostra que tem talento – ou amor – para lidar com animais também: é Veganiana, apesar de não gostar do rótulo.
“Acho que sou. Não como carne de nenhum tipo, não como ovos, lacticínios, mel, couro, pele, seda, lã... Mas não gosto de assumir um rótulo do tipo: ‘Nunca mais vou colocar nada disso no corpo’, pois não sabemos o que será de nós amanhã”. A prática começou logo nos primeiros anos de vida. O corpo de Irene rejeitava qualquer tipo de comida de origem animal. Só conseguia comer papinha crua. Hoje, segue a dieta por questões de ética e saúde. E diz que nem sente falta. “A cozinha vegan é boa, bonita e barata. Nada se repete”. Sua proximidade com os animais fica ainda mais clara quando uma abelha se aproxima: “Olha, a abelhinha sente que não comemos carne e vem ser amiga”.
Irene gostaria de voltar a morar em São Paulo. A vida em Embú não lhe satisfaz. O condomínio em que vive é cercado por muros e fiações elétricas. Quase não há vida animal livre. “É um zoológico de homens, cães e gatos. Todos presos, confinados em seus espaços”. O desejo de voltar é tamanho que a senhora vem para a Capital quatro dias por semana, participar de um grupo que discute as idéia de Gurdjieff, um filósofo espiritual russo. O grupo se encontra em uma padaria nos arredores da Avenida Paulista. Gurdjieff faz uso de um mito de escala cósmica para encontrar o caminho das verdades. Não é a primeira experiência de Irene com o intuito de se encontrar. No final da década de 70, ela se submeteu à terapia Junguiana, bastante relacionada com os sonhos.
“Tenho um ânus só! Já viu gente com mais, meu filho?”, depois de uma gargalhada, ela completa: “Não sei minha idade não... Não estava lá quando nasci! Não sei se fui clonada! Chuta aí!”. Para Irene, idade não importa. Assim como o sobrenome. Não vale a pena guardar tanta informação inútil. É por isso que ela queimou a maioria das fotos de sua experiência no Chevette em Ilhabela. Depois de um tempo, as fotos se acumularam na gaveta e perderam o sentido. Ela decidiu, então, atear fogo nas recordações. “Não é que eu não gosto de registros. É que alguns são inúteis e acabam te comprometendo”. Por essa razão, Irene não permitiu que a fotografassem. “Além disso, tenho trauma com foto. Eu tinha uma babá portuguesa, chamada Lolita. Meus pais haviam adquirido uma câmera de filmar. Toda vez que eles iam me filmar, Lolita me mandava ficar rígida, para tirar foto. Por isso, sempre que falam em tirar uma foto minha, eu travo toda”.
Consegui uma foto de costas.
É possível perceber o esoterismo dessa senhora. Muitas vezes, incompreendido. O pessoal do restaurante se diverte com a presença de Irene. Olham como se fosse uma louca. Talvez seja. Fato é que, indo pelas Beiras das Ribeiras, Irene sempre busca um caminho alternativo e pouco usual para chegar à verdade. Talvez consiga, antes de qualquer um de nós.
quinta-feira, agosto 16, 2007
Doutor Arnaldo

Foto: Homemdodedo, Wikipedia.
Obs.: Não espero nenhum comentário sobre o texto, sinceramente... Sei que não é estimulante. Mas o blog e a curiosidade são meus!
segunda-feira, agosto 13, 2007
O romântico, o cético e o realista
Acontecimentos que deixam marcas profundas e, talvez, eternas. Geralmente ocorrem quando menos se espera, quando nos encontramos despreparados, desatentos. Nossa reação é de incredulidade, de raiva, de descontrole. Essas situações sempre nos ensinam bastante, mas é preciso saber o que tirar de proveitoso delas.
Um amigo recentemente passou por uma dessas provas da vida. Sobreviveu, mas não apenas com ferimentos leves.
Era um daqueles românticos, que acreditam na perfeição do amor e na eternidade de um relacionamento baseado apenas na inércia da paixão. Namorou por muito tempo com aquela que, acreditava ele, era o amor de sua vida. Sua alma gêmea. Depois de uns anos, o namoro virou um moribundo, como o boxeador que tropeça em suas próprias pernas, apenas esperando pelo golpe que o nocauteará. E o golpe veio. A relação terminou e meu compadre vagou, sem rumo, por um bom tempo.
O soco doeu. A dor cresceu. E o romântico tornou-se cético.
Um cético amoroso, que acha que o amor não serve pra nada. Que tem convicção de que amar é coisa passageira. É dúvida, não certeza. Um chato que não tem mais coragem de entregar-se porque não confia mais nas verdades do coração. Na realidade, ele só tem uma certeza: a de que ser descrente é ser racional. E é onde comete seu maior erro. Sentimento não é ciência exata, nem pro bem, nem pro mal. Não é possível cefalizar o inexplicável mundo das emoções. Ceticismo não é realismo.
Realista é o seguinte: tudo exige esforço e dedicação. Não vivemos em um mundo no qual podemos desconsiderar forças como o atrito e a resistência do ar. A força da inércia um dia vai acabar. É sempre preciso continuar aplicando uma força externa. Não há movimento retilíneo uniforme nas humanidades...
sábado, agosto 11, 2007
Depois da tempestade...
segunda-feira, julho 02, 2007
Sobre a necessidade de tocar
Cresci com esses dois instrumentos por perto, já que meu pai os possui desde antes do meu nascimento. Sempre fui apaixonado e adorava ouvir meu pai tocando violão nas manhãs de sábado e domingo. No entanto, nunca me interessei em aprender a manejá-los.
Nunca até o ano de 2000...
Foi quando pedi, pela primeira vez, para o meu pai me ensinar alguma coisinha, alguma nota. Lembro-me que, naquela manhã, eu aprendi o main riff de "Take me to the river", do Talking Heads. Porém, ficou naquilo. Nunca mais demonstrei vontade em seguir tocando. Segui apaixonado por música e segui inerte com minhas próprias habilidades musicais. O ano seguinte foi definitivo. Ainda guardo o momento exato em que decidi mergulhar no maravilhoso mundo dos instrumentos musicais.
Eu estudava à tarde. Por isso, voltava pra casa por volta de 18 horas. Foi mais ou menos nesse horário que eu entrei na minha sala em algum dia de 2001. Encontrei meu amigo Juan tocando "Come as you are", do Nirvana no violão do meu pai, enquanto sua mãe contava para a minha da primeira aula do filho num conservatório musical da Pompéia. Fiquei pasmo, pedi pra ele me ensinar. Ele me ensinou.
E continuou ensinando...
Assim eu obtive minhas primeiras noções de violão. Com o Juan, aprendi o nome dos acordes, as posições e como ler tablatura. Sabendo os princípios e a teoria, ficou fácil. A Internet me deu tudo o que sei até hoje. Não me considero um "tocador de violão". Mas arranho o suficiente para me acalmar. E é essa a principal função do violão - e da música em geral. Te levar exatamente pro lugar em que você precisa estar.
Não me vejo hoje sem meu violão, sem minha guitarra. São meus terapeutas e deles eu tiro amor, ódio, raiva, serenidade, paz, alegria, tristeza... O que eu quiser. Aindo me arrisco a rabiscar algumas coisas e compor algumas melodias, que ainda são somente minhas (quem sabe um dia não divulgo?!).
Enfim, música é a saída...
Abra suas próprias portas.