Incomoda a campanha feita pelas organizações Globo para trazer a Olimpíada de 2016 para o Rio de Janeiro. Quem acompanha as matérias e programas destinados ao tema concluirá que não existe problema algum na realização do evento no Brasil. Mais do que não atrapalhar, os Jogos revolucionariam o país de uma forma definitiva. Durante essa semana, na qual será definida a cidade sede, a coisa tem ficado pior. Está impossível assistir Sportv.
Para o canal, ser contra a candidatura do Rio é ir contra a pátria. O argumento de que os gastos para a realização dos Jogos serão abusivos parece ofender Os profissionais bradam que a Olimpíada 2016 será o grande salto de desenvolvimento social/esportivo do Brasil, pois irá gerar empregos e estímulo para a prática de outras modalidades de esporte. Outro argumento que incomoda é o de que megaeventos tupiniquins são rotas de desvio de dinheiro. Lá vem os ufanistas dizendo que isso é pessimismo e que Rio2016 será a chance de fiscalizarmos e exercermos nossa função na democracia. Parecem esquecer do Pan 2007, que torrou um caminhão de dinheiro na construção de estrutras hoje abandonadas.
A falta de critério jornalístico também enoja. Quando compararm Rio com Chicago ou Tóquio, criticam a falta de apoio popular dos americanos e japoneses (se esquecendo que a cidade brasileira foi criticada pelo COI pela falta de engajamento da população). Na comparação com Madri (que lidera o índice de apoio popular), citam a greve do setor hoteleiro da região (deixando passar o fato de que o Rio não tem estrutura turística suficiente para a realização de megaeventos).
Ainda pior são as reações já armadas. Se não formos escolhidos, o COI é racista e a América do Sul deverá criar seu próprio comitê olímpico. Básico espírito brasileiro. Aliás, fico até imaginando como Orlando Silva, Lula e Eduardo Paes vão se comportar caso o Rio de Janeiro não for escolhido. Vai ser barraco na hora, sem dúvidas.
Não sei o que será pior: a vergonha de não sermos escolhidos ou a de sermos.
terça-feira, setembro 29, 2009
terça-feira, setembro 15, 2009
Pega na mentira
Matéria publicada no jornal laboratório do Mackenzie, feita por mim e pela Bruna Prado.
Pega na mentira!
Por que mentir é tão aceito em nossa sociedade?
Um dos assuntos da vez na Formula 1 é o escândalo envolvendo Nelsinho Piquet, Flavio Briatore e a equipe Renault. O crime? Forjaram uma batida. Essencialmente, mentiram. Polêmicas à parte, a prática não é rara na sociedade. Basta refletir sobre o estereótipo completamente aceito e digerido que nossos políticos carregam. A prática da mentira acabou banalizada. Vemos esse processo como algo aceitável e comum.
"Certa vez, precisava ir embora da faculdade antes do término da aula para eu não perder a minha carona, porque eu não gosto de andar de ônibus. Perguntei para o professor se ele poderia me dar presença porque eu ia ter uma entrevista de emprego", conta Karina Braido, 21 anos. "Normal!", completa.
De fato, a mentira é extremamente presente em nosso universo. “Sou gerente de promoções de um grande portal, que estava organizando uma promoção em que duas pessoas iriam ganhar uma viagem para o Rio de Janeiro. Burlei as regras e escolhi duas amigas minhas para serem as ‘vencedoras’. Durante a viagem, tive que fingir durante todo o tempo que não conhecia as meninas.’’, relata L.C. (que não quis se identificar), 20 anos. “Muitas vezes, os adolescentes descobrem que a mentira é aceita em certas ocasiões e pode até livrá-los de responsabilidade, facilitando a sua aceitação com a turma.”, conta a doutora Telma Leila de Camargo e Silva, psicóloga do Hospital São Luiz.
Ainda segundo Telma, a mentira pode surgir por diversas razões: “A insegurança ou a baixa de auto-estima (quando pretendemos fazer passar uma imagem de nós próprios melhor do que a que verdadeiramente acreditamos), o receio das conseqüências (quando tememos que a verdade traga conseqüências negativas), por regalias (se mentir traz ganhos, vale a pena mentir, uma vez que ficamos em vantagem em relação aos que dizem a verdade), por razões externas (quando o exterior nos pressiona ou por motivos de autoridade superior ou por co-ação), ou por razões patológicas”, relata. Milena Freitas, 21 anos, costuma evitar visitas indesejadas fazendo uso de mentiras. “Uma amiga minha tem o costume de me fazer visitas inesperadas. Quando vejo que é ela na porta de casa, deixo-a tocando a campainha até desistir e ir embora. Depois invento que estava em outro lugar’’, conta.
Tem quem vá além. Francisco Martinez, 23 anos, colocou o namoro em risco com suas mentiras: “Era aniversário da minha namorada, mas nesse mesmo dia eu tinha comprado convite para uma rave. Falei para ela que tinha que ir embora cedo da festa dela, pois ia ter que abrir a padaria do meu pai muito cedo. O plano não deu muito certo. Um dia depois, ela descobriu tudo”, relata.
De acordo com a psicologia, a mentira faz parte do nosso contexto social. No entanto, não é “saudável” fazer dela a base fundamental das nossas relações. “A mentira existe ao longo de toda a escala patológica. A saúde mental só é compatível com a verdade. De nada serve querer acreditar que o nosso familiar não faleceu quando na realidade isso não é a verdade. De nada serve acreditarmos que somos capazes voar se na realidade não temos asas.”, conclui Telma Leila.
Pega na mentira!
Por que mentir é tão aceito em nossa sociedade?
Um dos assuntos da vez na Formula 1 é o escândalo envolvendo Nelsinho Piquet, Flavio Briatore e a equipe Renault. O crime? Forjaram uma batida. Essencialmente, mentiram. Polêmicas à parte, a prática não é rara na sociedade. Basta refletir sobre o estereótipo completamente aceito e digerido que nossos políticos carregam. A prática da mentira acabou banalizada. Vemos esse processo como algo aceitável e comum.
"Certa vez, precisava ir embora da faculdade antes do término da aula para eu não perder a minha carona, porque eu não gosto de andar de ônibus. Perguntei para o professor se ele poderia me dar presença porque eu ia ter uma entrevista de emprego", conta Karina Braido, 21 anos. "Normal!", completa.
De fato, a mentira é extremamente presente em nosso universo. “Sou gerente de promoções de um grande portal, que estava organizando uma promoção em que duas pessoas iriam ganhar uma viagem para o Rio de Janeiro. Burlei as regras e escolhi duas amigas minhas para serem as ‘vencedoras’. Durante a viagem, tive que fingir durante todo o tempo que não conhecia as meninas.’’, relata L.C. (que não quis se identificar), 20 anos. “Muitas vezes, os adolescentes descobrem que a mentira é aceita em certas ocasiões e pode até livrá-los de responsabilidade, facilitando a sua aceitação com a turma.”, conta a doutora Telma Leila de Camargo e Silva, psicóloga do Hospital São Luiz.
Ainda segundo Telma, a mentira pode surgir por diversas razões: “A insegurança ou a baixa de auto-estima (quando pretendemos fazer passar uma imagem de nós próprios melhor do que a que verdadeiramente acreditamos), o receio das conseqüências (quando tememos que a verdade traga conseqüências negativas), por regalias (se mentir traz ganhos, vale a pena mentir, uma vez que ficamos em vantagem em relação aos que dizem a verdade), por razões externas (quando o exterior nos pressiona ou por motivos de autoridade superior ou por co-ação), ou por razões patológicas”, relata. Milena Freitas, 21 anos, costuma evitar visitas indesejadas fazendo uso de mentiras. “Uma amiga minha tem o costume de me fazer visitas inesperadas. Quando vejo que é ela na porta de casa, deixo-a tocando a campainha até desistir e ir embora. Depois invento que estava em outro lugar’’, conta.
Tem quem vá além. Francisco Martinez, 23 anos, colocou o namoro em risco com suas mentiras: “Era aniversário da minha namorada, mas nesse mesmo dia eu tinha comprado convite para uma rave. Falei para ela que tinha que ir embora cedo da festa dela, pois ia ter que abrir a padaria do meu pai muito cedo. O plano não deu muito certo. Um dia depois, ela descobriu tudo”, relata.
De acordo com a psicologia, a mentira faz parte do nosso contexto social. No entanto, não é “saudável” fazer dela a base fundamental das nossas relações. “A mentira existe ao longo de toda a escala patológica. A saúde mental só é compatível com a verdade. De nada serve querer acreditar que o nosso familiar não faleceu quando na realidade isso não é a verdade. De nada serve acreditarmos que somos capazes voar se na realidade não temos asas.”, conclui Telma Leila.
quinta-feira, agosto 06, 2009
Caras de Pau-Brasil
César Cielo nos deu muito orgulho nesse mês de julho. Mais do que os resultados, consolidou sua posição alcançada das Olimpíadas de Pequim. Além disso, ficamos em 8º lugar no Campeonato Mundial de Natação, com outras duas medalhas e bons resultados. Três notícias, no entanto, devolveram o esporte do Brasil ao seu real lugar: o pátio da vergonha.
- Cinco atletas do clube Rede Atletismo foram pegos no exame anti-doping, flagrados após terem usado eritropoietina recombinante (EPO). Os treinadores Jayme Neto e Inaldo Sena assumiram a culpa, alegando que acharam que a quantidade aplicada não seria detectada. Desonestidade em dose dupla.
- A entrevista de Ricardo Teixeira ao Estadão de ontem é nauseante. O personagem, por si próprio, já causa asco. O conteúdo, no entanto, é pior. Ele admitiu usar recursos públicos na construção de estádios para a Copa do Mundo 2014, contrariando discursos de Orlando Silva e Lula. Como se não bastasse, ainda disse não haver constragimento nenhum em manter Fernando Sarney, indiciado pela Justiça do Maranhão em lavagem de dinheiro, tráfico de influência e formação de quadrilha, como vice-presidente da CBF para a Região Norte (onde, diga-se de passagem, o futebol nem existe).
- O caso da "Máfia do Apito", esquema de manipulação de resultados que resultou na anulação de 11 jogos do Campeonato Brasileiro de 2005, pode ser arquivado hoje. Três desembargadores decidirão hoje se as provas recolhidas são válidas ou não. A probabilidade de terminar em pizza é grande, segundo matéria da ESPN Brasil.
Pois é Casoy. Isso é uma vergonha.
terça-feira, julho 28, 2009
Castelo de areia?
Sou estudante de jornalismo. Estou quase no fim do meu processo de graduação. E, da noite pro dia, meu diploma perdeu valor. Motivo para desespero, para revolta? Meus colegas que me perdoem, mas não compartilho dessa opinião.
Quem entra na faculdade em busca de um diploma já está fadado ao fracasso. Um curso superior existe para formar, não diplomar. E a formação jornalística continuará existindo. E, para mim, não perde seu valor. Aliás, deve ser melhorada. A Universidade que não conseguir formular um excelente curso de Jornalismo não será mais capaz de atrair alunos. Acredito que o fim da Lei de Imprensa representará também o fim de cursos mandraques. Além do mais, a Lei feria o princípio básico da função jornalística, que é a liberdade de expressão.
A único ressalva que faço nessa confusão toda é sobre o motivo que decretou a queda da obrigatoriedade do diploma jornalístico. Não foram as razões filosóficas que derrubaram a Lei de Imprensa, mas sim o lobby das grandes empresas. Querendo desmoralizar a classe e derrubar alguns direitos como, por exemplo, piso salarial, as coorporações jornalísticas (ou jornaleiras?) forçaram o desfecho alcançado.
Se os fins justificam os meios, não tenho nada a reclamar. Mas não acredito que possamos escrever certo por linhas tortas. Jornalistas são ferramentas sociais de importância e responsabilidade monstruosas. A nova estrutura da função foi fundada em alicerces comerciais. Só espero que não façamos do jornalismo um Palace II.
Quem entra na faculdade em busca de um diploma já está fadado ao fracasso. Um curso superior existe para formar, não diplomar. E a formação jornalística continuará existindo. E, para mim, não perde seu valor. Aliás, deve ser melhorada. A Universidade que não conseguir formular um excelente curso de Jornalismo não será mais capaz de atrair alunos. Acredito que o fim da Lei de Imprensa representará também o fim de cursos mandraques. Além do mais, a Lei feria o princípio básico da função jornalística, que é a liberdade de expressão.
A único ressalva que faço nessa confusão toda é sobre o motivo que decretou a queda da obrigatoriedade do diploma jornalístico. Não foram as razões filosóficas que derrubaram a Lei de Imprensa, mas sim o lobby das grandes empresas. Querendo desmoralizar a classe e derrubar alguns direitos como, por exemplo, piso salarial, as coorporações jornalísticas (ou jornaleiras?) forçaram o desfecho alcançado.
Se os fins justificam os meios, não tenho nada a reclamar. Mas não acredito que possamos escrever certo por linhas tortas. Jornalistas são ferramentas sociais de importância e responsabilidade monstruosas. A nova estrutura da função foi fundada em alicerces comerciais. Só espero que não façamos do jornalismo um Palace II.
terça-feira, maio 26, 2009
Barack Obina
Obina foi apresentado hoje no Palmeiras.
Juro que, ontem, vasculhei toda a internet procurando por algum lugar no planeta em que 25 de maio fosse Dia da Mentira, ou algo do gênero. Relutei em acreditar. Pra mim, Obina sempre foi o ícone máximo da falta completa de profissionalismo dos clubes cariocas - especialmente o Flamengo. Era uma simbiose do amadorismo. Até ontem, eu tinha certeza de que Obina era parte permanente do Rubro-Negro carioca e vice versa. Aquela figura popular, malandra, sem compromisso. Um jogador meramente folclórico, que só tem espaço no atrasado e antiquado futebol do Rio de Janeiro.
Mas, Obina foi apresentado hoje no Palmeiras.
Logo que anunciado, o reforço virou motivo de chacota pros rivais. Meu MSN pipocou com zombarias adversárias e incredulidades alviverdes. No telefone celular, meu fanático primo implorando-me por um esclarecimento. Ninguém sabia explicar. Obina é atacante, mas não faz gol há 177 dias - sendo que perdeu dois pênaltis no período. A poeira foi baixando (e olha que alguém do porte do Obina levanta muita!) e, com a cabeça mais fria, fui lendo e aceitando os argumentos dos responsáveis pela contratação do Anjo Negro. De fato, não há nenhum atacante com as mesmas características no elenco palmeirense. Obina vem pra ser banco, pra compor o plantel. Não é solução pros problemas do time. Vem pra tentar ser recuperado, enquanto jogador de futebol. Vale lembrar o que Ronaldo disse sobre Obina, em uma entrevista para o SporTV, quando ainda treinava com o mesmo na Gávea: "Falam que Obina está gordo, mas eu acompanho o dia-a-dia do clube. Ele é o mais forte do time, chuta com força e é o que tem mais velocidade. Obina é um jogador completo". Será que Obina volta a inspirar tais elogios?
Fica a dúvida: Barack Obina, can you?
Fato é que Obina foi apresentado hoje no Palmeiras.
sexta-feira, março 27, 2009
Assessorias de Imprensa
A ocupação de cargos de assessor de imprensa só foi “permitida” para jornalistas em 1980, quando Washington Mello – um jornalista que havia atuado em assessorias – assumiu a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e incentivou a prática. De lá pra cá, a função se multiplicou, invadindo nichos antes completamente fechados (como, por exemplo, as redações de jornais). No Estado do Ceará, para se ter idéia, 60% dos profissionais formados em jornalismo atuavam em assessorias no ano de 1997.
O nascimento da função, no entanto, vem de muito antes dessa migração de jornalistas das redações para as assessorias. Em 1909, o então presidente Nilo Peçanha cria um setor específico para cuidar da transmissão de publicações, informação e propaganda do governo. Durante a década de 30, torna-se política de Estado o controle e disseminação de informações por meios de comunicação de massa. Diversos órgãos de controle foram criados nos anos seguintes, tais como o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC) e o Departamento Nacional da Propaganda (DNP). A filtragem jornalística era branda até o início da Ditadura Militar.
É compreensível o interesse político no controle informacional. Acredita-se que, manuseando a informação, cria-se a verdade. Fazendo uso da credibilidade que os meios de comunicação em massa possuem, os políticos aprenderam desde cedo a lidar com seu eleitorado através da mídia.
No setor privado, a assessoria de imprensa apareceu no Brasil com a Volkswagen, com a contratação do jornalista Alaor Gomes, chamado para formar uma organização privada para atuar com relacionamento planejado. O setor foi nomeado de “Seção de Imprensa”, incluído na Divisão de Relações Públicas. Alaor juntou-se, posteriormente, a Reginaldo Finotti (também jornalista) e fundou a Unipress, primeira assessoria de imprensa independente do país.
A assessoria de imprensa privada foi logo percebida como uma ponte sólida para agir sobre a agenda pública, informar e obter uma imagem positiva. Era marketing com credibilidade jornalística. A prática rapidamente popularizou-se, tamanha eficácia e inteligência da mesma.
A polêmica desse assunto é grande. Há muita gente gabaritada que defende a tese de que um jornalista não pode exercer a função de assessor, uma vez que trairia os preceitos básicos da imprensa – afinal, o assessor de imprensa atende uma entidade maior, que é seu contratante. Em Portugal, por exemplo, um jornalista que atua em assessorias é expulso do sindicato. A outra mão da assessoria é a facilidade criada para as redações de jornais, que passaram a ter, em seus próprios membros, as fontes. Jornalistas entendem jornalistas e, exatamente por essa simbiose, cria-se uma relação de benefício (quase) total para ambas as partes.
A sociedade tem a ganhar com essa relação. Basta que os jornalistas de redação não rejeitem o manual básico de apuração jornalística. O assessor não é mais – há muito tempo – um mero emissor de releases. Hoje, a assessoria de imprensa representa mais uma engrenagem da máquina produtora e executora de informações e interpretações do macroambiente.
O nascimento da função, no entanto, vem de muito antes dessa migração de jornalistas das redações para as assessorias. Em 1909, o então presidente Nilo Peçanha cria um setor específico para cuidar da transmissão de publicações, informação e propaganda do governo. Durante a década de 30, torna-se política de Estado o controle e disseminação de informações por meios de comunicação de massa. Diversos órgãos de controle foram criados nos anos seguintes, tais como o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC) e o Departamento Nacional da Propaganda (DNP). A filtragem jornalística era branda até o início da Ditadura Militar.
É compreensível o interesse político no controle informacional. Acredita-se que, manuseando a informação, cria-se a verdade. Fazendo uso da credibilidade que os meios de comunicação em massa possuem, os políticos aprenderam desde cedo a lidar com seu eleitorado através da mídia.
No setor privado, a assessoria de imprensa apareceu no Brasil com a Volkswagen, com a contratação do jornalista Alaor Gomes, chamado para formar uma organização privada para atuar com relacionamento planejado. O setor foi nomeado de “Seção de Imprensa”, incluído na Divisão de Relações Públicas. Alaor juntou-se, posteriormente, a Reginaldo Finotti (também jornalista) e fundou a Unipress, primeira assessoria de imprensa independente do país.
A assessoria de imprensa privada foi logo percebida como uma ponte sólida para agir sobre a agenda pública, informar e obter uma imagem positiva. Era marketing com credibilidade jornalística. A prática rapidamente popularizou-se, tamanha eficácia e inteligência da mesma.
A polêmica desse assunto é grande. Há muita gente gabaritada que defende a tese de que um jornalista não pode exercer a função de assessor, uma vez que trairia os preceitos básicos da imprensa – afinal, o assessor de imprensa atende uma entidade maior, que é seu contratante. Em Portugal, por exemplo, um jornalista que atua em assessorias é expulso do sindicato. A outra mão da assessoria é a facilidade criada para as redações de jornais, que passaram a ter, em seus próprios membros, as fontes. Jornalistas entendem jornalistas e, exatamente por essa simbiose, cria-se uma relação de benefício (quase) total para ambas as partes.
A sociedade tem a ganhar com essa relação. Basta que os jornalistas de redação não rejeitem o manual básico de apuração jornalística. O assessor não é mais – há muito tempo – um mero emissor de releases. Hoje, a assessoria de imprensa representa mais uma engrenagem da máquina produtora e executora de informações e interpretações do macroambiente.
quinta-feira, março 19, 2009
Piratas do Vale do Silício
É daqueles filmes que provam que, muito mais do que efeitos especiais, o que vale no cinema é uma boa história, um bom roteiro. "Piratas do Vale do Silício" conta a história do início da revolução digital, com enfoque nos dois maiores expoentes desse nicho: Apple, de Steve Jobs e Microsoft, de Bill Gates. É notável que a produção contou com baixo orçamento. O filme foi feito para a TV. Mas isso não importa.
De uma maneira fácil, "Piratas do Vale do Silício" situa o espectador no contexto onde nasceu o que controla nossa vida hoje. Contextualizados com a gênese, é mais fácil de entendermos o mundo atual.
Mais do que gênios da informática ou empresários brilhantes, Jobs e Gates eram visionários. A grande virada de ambos foi perceber que tudo estava prestes a mudar. Preparados, conseguiram criar os impérios de hoje. Como Bill Gates define na película, "é preciso criar uma necessidade para o seu produto". Ele, como poucos, conseguiu.
terça-feira, março 17, 2009
Sala de espera
Estou na sala de espera da dentista, postando do meu celular. Nao que eu fosse fazer algo melhor em casa, mas a idéia de perder grande parte da tarde em uma gélida sala desalmada, cercado por leitura fútil, me incomoda um pouco... Pelo menos posso aproveitar as maravilhas tecnológicas do nosso mundo moderno pra registrar, em texto e imagem, o meu martírio... Salve a conectividade! O mundo digital derrubou barreiras gigantescas. Se posso usá-lo nesse propósito tão tolo, é inimaginável o numero de possibilidades que essa ferramenta nos pode fornecer se pensarmos um pouco mais a respeito... É nossa obrigação, enquanto seres dominantes. Por ora, chega: a doutora finalmente me chamou pra consulta... Deixo a reflexão para você, leitor.
sexta-feira, março 13, 2009
Jornalismo S.A.
Ronaldo foi o melhor jogador que eu já vi atuar.
Achei melhor escolher essa sentença pra iniciar o post para não soar azedo, mascarado. Tiro meu chapéu para o dentuço carioca que, merecidamente, conquistou o apelido de Fenômeno. Mas já passou do ponto.
Claro que o gol que ele fez contra o Palmeiras (marca direito, Marcão!) foi importante. Afinal, o maior artilheiro da história das Copas do Mundo voltou a balançar as redes após mais um difícil renascimento. Talvez o gol tenha sido maior que o jogo em si, sei lá... Mas a cobertura da mídia foi patética. Cléber Machado deixou de narrar a peleja para descrever as gotas de suor que escorriam pela (enorme) bochecha de Ronaldo.
E o circo não parou por aí. Só se fala no Fenômeno.
É importante ressaltar que o mundo do ludopédio não parou nessa semana. O Palmeiras não conseguiu ganhar, novamente. O São Paulo reencontrou o bom futebol. O Santos foi, mais uma vez, medíocre (excessão feita ao jovem Neimar, que é promissor). Vasco, Botafogo, Colo-Colo, Liverpool, todos os times do mundo também jogaram - assim como Ronaldo.
Só que o Gordão vende jornal, atraí audiência. Essa superexposição parece comprovar o quão comercial é o modelo que o jornalismo segue atualmente. Essencialmente, a cobertura da volta do Fenômeno é apelativa e sensacionalista e, ao contrário do que Galvões Buenos da vida bradam, não é uma reverência ao talento e garra do mesmo.
Vale lembrar que, com tanta coisa de mais importante acontecendo no planeta, o Jornal Nacional reservou mais de dois minutos de sua programação para uma exclusiva ao vivo com Ronaldo, na segunda após o dérbi paulistano. Do jeito que a coisa anda, se Ronaldinho se machucar, a Rede Globo vai mandá-lo fazer fisioterapia na casa do Big Brother.
Achei melhor escolher essa sentença pra iniciar o post para não soar azedo, mascarado. Tiro meu chapéu para o dentuço carioca que, merecidamente, conquistou o apelido de Fenômeno. Mas já passou do ponto.
Claro que o gol que ele fez contra o Palmeiras (marca direito, Marcão!) foi importante. Afinal, o maior artilheiro da história das Copas do Mundo voltou a balançar as redes após mais um difícil renascimento. Talvez o gol tenha sido maior que o jogo em si, sei lá... Mas a cobertura da mídia foi patética. Cléber Machado deixou de narrar a peleja para descrever as gotas de suor que escorriam pela (enorme) bochecha de Ronaldo.
E o circo não parou por aí. Só se fala no Fenômeno.
É importante ressaltar que o mundo do ludopédio não parou nessa semana. O Palmeiras não conseguiu ganhar, novamente. O São Paulo reencontrou o bom futebol. O Santos foi, mais uma vez, medíocre (excessão feita ao jovem Neimar, que é promissor). Vasco, Botafogo, Colo-Colo, Liverpool, todos os times do mundo também jogaram - assim como Ronaldo.
Só que o Gordão vende jornal, atraí audiência. Essa superexposição parece comprovar o quão comercial é o modelo que o jornalismo segue atualmente. Essencialmente, a cobertura da volta do Fenômeno é apelativa e sensacionalista e, ao contrário do que Galvões Buenos da vida bradam, não é uma reverência ao talento e garra do mesmo.
Vale lembrar que, com tanta coisa de mais importante acontecendo no planeta, o Jornal Nacional reservou mais de dois minutos de sua programação para uma exclusiva ao vivo com Ronaldo, na segunda após o dérbi paulistano. Do jeito que a coisa anda, se Ronaldinho se machucar, a Rede Globo vai mandá-lo fazer fisioterapia na casa do Big Brother.
quinta-feira, março 12, 2009
Backstreet's Back
A proposta era desenvolver uma pauta qualquer sobre cultura. Eu e a minha dupla, Bruna, resolvemos falar dos Backstreet Boys. Assim que pensamos na pauta sobre os fãs do BSB, imaginamos que eles teriam mudado desde o fim da década de 90, auge da banda. Não foi o que encontramos, no entanto. Aqueles que eram fanáticos insistem no sentimento – e nas atitudes. Quando percebemos esse fato, mudamos o rumo da matéria.
Recrutamos os entrevistados em comunidades do orkut e fã-clubes oficiais da banda. Muitas pessoas retornaram nosso contato, querendo demonstrar o amor pelos BSB. Conseguimos colher muita informação e muitas histórias interessantes. Todas as entrevistas (cerca de 20) foram feitas através de e-mails.
Quando julgamos ter material suficiente para montar a matéria, sentamos e traçamos a linha do texto. Elaboramos quais temas e entrevistas iríamos utilizar e só juntamos as peças do quebra-cabeça.
Não pare de brincar com meu coração!
Por Bruna Prado e Guilherme Odri
“Hoje mesmo passei numa loja e comprei um esmalte preto. Todo mundo do meu serviço ficou me zoando, mas tenho que ir ao show a caráter. Afinal, o meu Backstreet Boy favorito é o AJ”. Quem conta o caso é Leandro Juvêncio do Reis, 21 anos. Em pouco tempo de conversa, percebemos que certas coisas o tempo não cura. Alguns sentimentos permanecem congelados, inerentes à passagem dos anos, apenas esperando para que qualquer catalisador os faça aquecer e aflorar novamente. Paixões infantis são mais do que descobertas. São influências.
Os Backstreet Boys ilustraram a geração dos anos 90. Foi o grupo de maior apelo pop da última década do século XX. Segundo o Guinness Book, a banda lidera o ranking de vendas entre boybands no mundo, tendo vendido mais de 120 milhões de CDs no planeta. A história dos BSB começa em 1993, quando Lou Pearlman, um empreendedor da área de aviação dos Estados Unidos, recrutou cinco garotos para serem agenciados por ele. Em 1994, a banda assinou contrato com a gravadora Jive Records e estourou no planeta inteiro em 1996, com o hit “Quit Playin’ Games (With My Heart)”. No ano de 1997, a consagração foi atingida com o álbum “Backstreet’s Back”.
No Brasil, os Backstreet Boys arrasaram. Não havia uma pessoa de 10 a 20 anos que não conhecesse a banda. As danças eram imitadas, as meninas brigavam pra “namorar” determinado integrante. “Cada uma das minhas amigas gostava de um diferente, então a gente levava os pôsteres pra escola e estendia no chão na hora do recreio e ficávamos babando!”, relata Tatiana Barbosa Del Nero, 21 anos (fã desde os 10). Fanatismo puro. “Nunca fui fã de ninguém. Não entendia como era ser 'fã' de alguém. Em janeiro de 97, ouvi a primeira canção dos caras. Três semanas depois, encontrei uma revista falando sobre eles. Acho que foi 'amor à primeira lida'”, diz a jornalista Milene Peres, 23 anos (dos quais 11 contaminados com a febre BSB). Em 2000, na primeira vinda da banda ao Brasil, mais de 45 mil pessoas se amontoaram na frente do hotel para conseguir ver os ídolos de perto.
Ou eles, ou eu!
Já teve gente que quase estragou o namoro por causa dos olhares e passos de dança dos “garotos da rua de trás”. E engana-se quem pensa que se trata de uma garota. “Me lembro de um mico que paguei uma vez no shopping center Norte. Era a pré-venda do ‘Millennium’ e eu fui com a minha namorada comprar o CD (ela nunca gostou de BSB). Chegando na loja, vi que tinha um livrinho com fotos e textos do álbum para deixar de divulgação na loja. Fiquei desesperado para conseguir o livrinho. Pedi para minha namorada chegar em um vendedor e pedir o livro de presente, dizendo que ela era muito fã. Ela se negou. Eu queria tanto o livrinho que pedi para uma moça que estava na loja falar com eles. A menina comentou: ‘Mas você está com sua namorada’. E eu respondi: ‘Não, ela é minha prima’. Final da história: Deixei minha namorada no shopping e fui na Pizza Hut com a menina. Ganhei o livrinho, e tenho ele até hoje”, conta André Cruz, de 20 anos. E a namorada? “Mais de semana sem falar comigo”, relata. Quem se importa?! O que vale é a souvenir dos BSB.
Lembra-se do Leandro, do começo da nossa história? Ele pintou o quarto de azul e preto, as cores de um álbum da banda. “Na época que os BSB deram tempo, fiquei com receio de ser o fim. Pra que a poeira não baixasse, resolvi pintar o meu quarto de preto e azul e escrever no teto ‘Black and Blue’! Colei um monte de pôsteres na parede, no teto, no armário. Todos que entravam no meu quarto não acreditavam que era o quarto de um homem”, diverte-se.
Mais que paixão: inspiração
Nem só de comédia se faz o fanatismo. Os ídolos, como dissemos, exercem influência sobre os fãs. De vez em quando, essa influência é positiva. Rejane Silva de Oliveira, 24 anos, resolveu aprender inglês por causa dos Backstreet Boys. “Eles inspiraram o meu amor e o das minhas amigas pela música. Formamos até uma banda, batizada de ‘Sweet Girls’! Eles também nos incentivaram a aprender inglês. Em 1999, entramos no curso de inglês juntas só para poder aprender a cantar as músicas e entender tudo o que eles falavam”, conta.
Patricia Matos, 23 anos, foi mais fundo: moldou sua carreira acadêmica e profissional a partir dos Backstreet Boys. “Sou estudante de Rádio e TV e, ano passado, produzi um documentário sobre a primeira vinda deles ao Brasil. Eu queria mostrar a visão das fãs. Além disso, eu desenvolvo uma pesquisa acadêmica sobre o mesmo tema. Costumo dizer que a pesquisa é a minha auto-análise, pois o objetivo é tentar descobrir porque as fãs agem de determinada forma. Também trabalho com produção fonográfica e sou musicista. Meu amor por eles foi fundamental na escolha da minha profissão e dos rumos da minha carreira”, relata.
Os Backstreet Boys voltaram ao Brasil em março. Todos os entrevistados estiveram lá.
Recrutamos os entrevistados em comunidades do orkut e fã-clubes oficiais da banda. Muitas pessoas retornaram nosso contato, querendo demonstrar o amor pelos BSB. Conseguimos colher muita informação e muitas histórias interessantes. Todas as entrevistas (cerca de 20) foram feitas através de e-mails.
Quando julgamos ter material suficiente para montar a matéria, sentamos e traçamos a linha do texto. Elaboramos quais temas e entrevistas iríamos utilizar e só juntamos as peças do quebra-cabeça.
Não pare de brincar com meu coração!
Por Bruna Prado e Guilherme Odri
“Hoje mesmo passei numa loja e comprei um esmalte preto. Todo mundo do meu serviço ficou me zoando, mas tenho que ir ao show a caráter. Afinal, o meu Backstreet Boy favorito é o AJ”. Quem conta o caso é Leandro Juvêncio do Reis, 21 anos. Em pouco tempo de conversa, percebemos que certas coisas o tempo não cura. Alguns sentimentos permanecem congelados, inerentes à passagem dos anos, apenas esperando para que qualquer catalisador os faça aquecer e aflorar novamente. Paixões infantis são mais do que descobertas. São influências.
Os Backstreet Boys ilustraram a geração dos anos 90. Foi o grupo de maior apelo pop da última década do século XX. Segundo o Guinness Book, a banda lidera o ranking de vendas entre boybands no mundo, tendo vendido mais de 120 milhões de CDs no planeta. A história dos BSB começa em 1993, quando Lou Pearlman, um empreendedor da área de aviação dos Estados Unidos, recrutou cinco garotos para serem agenciados por ele. Em 1994, a banda assinou contrato com a gravadora Jive Records e estourou no planeta inteiro em 1996, com o hit “Quit Playin’ Games (With My Heart)”. No ano de 1997, a consagração foi atingida com o álbum “Backstreet’s Back”.
No Brasil, os Backstreet Boys arrasaram. Não havia uma pessoa de 10 a 20 anos que não conhecesse a banda. As danças eram imitadas, as meninas brigavam pra “namorar” determinado integrante. “Cada uma das minhas amigas gostava de um diferente, então a gente levava os pôsteres pra escola e estendia no chão na hora do recreio e ficávamos babando!”, relata Tatiana Barbosa Del Nero, 21 anos (fã desde os 10). Fanatismo puro. “Nunca fui fã de ninguém. Não entendia como era ser 'fã' de alguém. Em janeiro de 97, ouvi a primeira canção dos caras. Três semanas depois, encontrei uma revista falando sobre eles. Acho que foi 'amor à primeira lida'”, diz a jornalista Milene Peres, 23 anos (dos quais 11 contaminados com a febre BSB). Em 2000, na primeira vinda da banda ao Brasil, mais de 45 mil pessoas se amontoaram na frente do hotel para conseguir ver os ídolos de perto.
Ou eles, ou eu!
Já teve gente que quase estragou o namoro por causa dos olhares e passos de dança dos “garotos da rua de trás”. E engana-se quem pensa que se trata de uma garota. “Me lembro de um mico que paguei uma vez no shopping center Norte. Era a pré-venda do ‘Millennium’ e eu fui com a minha namorada comprar o CD (ela nunca gostou de BSB). Chegando na loja, vi que tinha um livrinho com fotos e textos do álbum para deixar de divulgação na loja. Fiquei desesperado para conseguir o livrinho. Pedi para minha namorada chegar em um vendedor e pedir o livro de presente, dizendo que ela era muito fã. Ela se negou. Eu queria tanto o livrinho que pedi para uma moça que estava na loja falar com eles. A menina comentou: ‘Mas você está com sua namorada’. E eu respondi: ‘Não, ela é minha prima’. Final da história: Deixei minha namorada no shopping e fui na Pizza Hut com a menina. Ganhei o livrinho, e tenho ele até hoje”, conta André Cruz, de 20 anos. E a namorada? “Mais de semana sem falar comigo”, relata. Quem se importa?! O que vale é a souvenir dos BSB.
Lembra-se do Leandro, do começo da nossa história? Ele pintou o quarto de azul e preto, as cores de um álbum da banda. “Na época que os BSB deram tempo, fiquei com receio de ser o fim. Pra que a poeira não baixasse, resolvi pintar o meu quarto de preto e azul e escrever no teto ‘Black and Blue’! Colei um monte de pôsteres na parede, no teto, no armário. Todos que entravam no meu quarto não acreditavam que era o quarto de um homem”, diverte-se.
Mais que paixão: inspiração
Nem só de comédia se faz o fanatismo. Os ídolos, como dissemos, exercem influência sobre os fãs. De vez em quando, essa influência é positiva. Rejane Silva de Oliveira, 24 anos, resolveu aprender inglês por causa dos Backstreet Boys. “Eles inspiraram o meu amor e o das minhas amigas pela música. Formamos até uma banda, batizada de ‘Sweet Girls’! Eles também nos incentivaram a aprender inglês. Em 1999, entramos no curso de inglês juntas só para poder aprender a cantar as músicas e entender tudo o que eles falavam”, conta.
Patricia Matos, 23 anos, foi mais fundo: moldou sua carreira acadêmica e profissional a partir dos Backstreet Boys. “Sou estudante de Rádio e TV e, ano passado, produzi um documentário sobre a primeira vinda deles ao Brasil. Eu queria mostrar a visão das fãs. Além disso, eu desenvolvo uma pesquisa acadêmica sobre o mesmo tema. Costumo dizer que a pesquisa é a minha auto-análise, pois o objetivo é tentar descobrir porque as fãs agem de determinada forma. Também trabalho com produção fonográfica e sou musicista. Meu amor por eles foi fundamental na escolha da minha profissão e dos rumos da minha carreira”, relata.
Os Backstreet Boys voltaram ao Brasil em março. Todos os entrevistados estiveram lá.
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Vó Dirce
Além das óbvias dores, carrego um peso extra.
Havia te prometido um texto aqui "no computador", como você costumava dizer. Passei os últimos dias me remoendo atrás de respostas, mas a verdade é que não consegui encontrar nenhum motivo forte o bastante para não ter cumprido minha palavra.
Sinto como se tivesse te decepcionado. Espero, de coração, que não seja verdade. E tenho certeza de que você está lendo, acompanhando.
É difícil demais colocar num texto o que você é. Sabe, sempre te vi como um highlander, uma semideusa. Nesses 20 anos de convivência, acompanhei sua travessia por inúmeras dificuldades gigantescas. A perda do amado marido, um derrame fortíssimo, uma cirurgia de grande porte, embolia, pneumonia...
Você resistiu bravamente.
Consigo entender isso. Você tinha um motivo óbvio para ficar aqui, neste plano: a nossa família maravilhosa, que você ajudou a construir. Com o seu jeitinho de durona, foi formando as estruturas do nosso clã. Você queria tudo do seu jeito. E, cativante que é, conseguiu. E mereceu, como poucos. Você nos deu muitas alegrias e memórias que não vão se perder. Isso eu te garanto. Não vou deixar.
Vou sentir saudades da sua risada, das suas tiradas venenosas, dos seus comentários impróprios. E de te telefonar. E de atender seus telefonemas. E das suas análises durante os jogos do Palmeiras (fiquei sabendo da sua curiosidade sobre o placar da última partida que você acompanhou daqui). E dos almoços nos domingos. E das festas de fim de ano... Enfim, de toda você.
Continue sempre assim, onde quer que esteja.
Te amo.
Fique com Deus.
Havia te prometido um texto aqui "no computador", como você costumava dizer. Passei os últimos dias me remoendo atrás de respostas, mas a verdade é que não consegui encontrar nenhum motivo forte o bastante para não ter cumprido minha palavra.
Sinto como se tivesse te decepcionado. Espero, de coração, que não seja verdade. E tenho certeza de que você está lendo, acompanhando.
É difícil demais colocar num texto o que você é. Sabe, sempre te vi como um highlander, uma semideusa. Nesses 20 anos de convivência, acompanhei sua travessia por inúmeras dificuldades gigantescas. A perda do amado marido, um derrame fortíssimo, uma cirurgia de grande porte, embolia, pneumonia...
Você resistiu bravamente.
Consigo entender isso. Você tinha um motivo óbvio para ficar aqui, neste plano: a nossa família maravilhosa, que você ajudou a construir. Com o seu jeitinho de durona, foi formando as estruturas do nosso clã. Você queria tudo do seu jeito. E, cativante que é, conseguiu. E mereceu, como poucos. Você nos deu muitas alegrias e memórias que não vão se perder. Isso eu te garanto. Não vou deixar.
Vou sentir saudades da sua risada, das suas tiradas venenosas, dos seus comentários impróprios. E de te telefonar. E de atender seus telefonemas. E das suas análises durante os jogos do Palmeiras (fiquei sabendo da sua curiosidade sobre o placar da última partida que você acompanhou daqui). E dos almoços nos domingos. E das festas de fim de ano... Enfim, de toda você.
Continue sempre assim, onde quer que esteja.
Te amo.
Fique com Deus.
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