sábado, março 05, 2005

Desculpas...

Realmente não tem dado tempo de escrever aqui. Criar alguma coisa exige dedicação, empenho. E, ultimamante, não tenho tido como fazer isso! Ainda mas agora em semana de provas. Nem MSN eu tenho ligado mais. Portanto, peço desculpas pro blog.
Bem, como não dá pra criar, mais uma vez vou publicar um texto. Só que dessa vez o texto é meu mesmo, fiz pra aula de Redação. O tema era "2005/2015 - Adolescentes de hoje, adultos de amanhã".

"Contra-evolução

'Você diz que seus pais não te entendem,
Mas você não entende seus pais.'
Renato Russo

Olhemos para nossos cotovelos e joelhos. O que vemos? Arranhões, cicatrizes, capítulos de histórias da nossa infância. Aquele carrinho no jogo de futebol, aquele tombo no pega-pega, aquela queda do topo de uma árvore, enquanto brincava de esconde-esconde. Agora olhe para as mesmas partes do corpo de uma criança de seis anos. O que você vê? Nada. Nem um tombo, queda, carrinho. Nada de pega-pega, esconde-esconde ou futebol. A juventude da classe-média brasileira e mundial não está vivendo porque os pais dessa moçada não permitem. Somos cada vez mais vigiados e protegidos por nossos criadores.
O exemplo dos arranhões é pequeno se nos aprofundarmos um pouco mais no assunto. A nova geração está sendo privada de desafios. Os jovens não são mais autônomos e dependem de que muita gente fique ao redor deles, coisa que não acontecia na década de 60, por exemplo. Naquele tempo, os jovens eram revolucionários e se isolavam em acampamentos hippies. Organizavam movimentos contra guerra, festivais e etc. Hoje, o máximo da revolução juvenil é meia dúzia de garotos em um Fórum bancado e organizado por gente mais velha. Naquela época, adolescente tinha que trabalhar. Hoje já reclamamos quando os professores aumentam a carga de lição. Imaginemos alguém dessa geração no mercado de trabalho, chorando quando não for aprovado por determinada empresa. Em 1960, esse mesmo indivíduo já estaria trabalhando. Para ilustrar essa diferença da juventude dos anos 60 para cá, basta ouvirmos as músicas-moda daquela época e as de hoje. 'Like a Rolling Stone', sucesso de Bob Dylan, canta a história de um jovem que saiu de casa em busca de independência. O refrão é algo do tipo: 'Como você se sente estando por sua conta?'. O que temos hoje? 'Não sei viver sem ter você', sucesso do tão ruim quanto badalado CPM22. O título já mostra que a música é um hino de dependência juvenil!
O mundo, assim como os jovens, mudou. A violência cresceu. A televisão influencia o começo da vida sexual cada vez mais cedo. Bebidas alcoólicas liberadas em festas. Drogas em qualquer esquina, condomínio ou balada. Garotas engravidando sem nem completarem o colegial. Mas, pensemos bem: o mundo mudou tanto assim mesmo? Não era assim na época de nossos pais? Sexo, drogas e rock’n’roll? Amor livre? Sim. E é por isso que eles protegem tanto. Por que já viveram tudo isso. Já sabem o sofrimento que isso causa e querem ver suas crias longe desse tipo de coisa. Sem contar que os antecedentes desses pais eram 'frios', 'distantes'. Esses sim criavam os filhos para o mais selvagem dos mundos, não importasse o quê. Talvez essa geração não tenha gostado do modo como foi educada, muitas vezes se sentindo de lado. E aí, protegem mais e mais os filhos. Mas os pais de hoje não se diferem completamente dos pais de antigamente. Ainda há o ciúme, a idéia de posse. É, mais um motivo para a super proteção. Quer mais? Os pais da atual geração sabem como o mundo e o mercado de trabalho estão, de fato, cruéis. Por isso querem tanto que os filhos se dêem bem no colégio. Para isso, tranca na porta e nada de sair enquanto não tiver engolido o livro. Percebeu? Assim os filhos continuam sob os olhos deles. Mais proteção! Não vou dizer que concordo com os pais modernos, mas os compreendo.
Moral da história, se é que há uma: 'a virtude está no meio'. Não se pode segurar tanto os filhos, assim como não se pode empurrá-los de uma hora para outra no abismo da vida de gente grande. Os pais devem aprender a dar asas e liberar os jovens de casa para que possam fazer seus vôos. Afinal, ninguém dura tempo suficiente para acompanhar toda a vida do filho. É clichê, mas é verdade. A vida existe para vivermos. E, se continuar assim, teremos um Brasil e um mundo mais idiota com o passar dos anos. Portanto, não vamos andar pra trás."