quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Vó Dirce

Além das óbvias dores, carrego um peso extra.
Havia te prometido um texto aqui "no computador", como você costumava dizer. Passei os últimos dias me remoendo atrás de respostas, mas a verdade é que não consegui encontrar nenhum motivo forte o bastante para não ter cumprido minha palavra.

Sinto como se tivesse te decepcionado. Espero, de coração, que não seja verdade. E tenho certeza de que você está lendo, acompanhando.

É difícil demais colocar num texto o que você é. Sabe, sempre te vi como um highlander, uma semideusa. Nesses 20 anos de convivência, acompanhei sua travessia por inúmeras dificuldades gigantescas. A perda do amado marido, um derrame fortíssimo, uma cirurgia de grande porte, embolia, pneumonia...

Você resistiu bravamente.

Consigo entender isso. Você tinha um motivo óbvio para ficar aqui, neste plano: a nossa família maravilhosa, que você ajudou a construir. Com o seu jeitinho de durona, foi formando as estruturas do nosso clã. Você queria tudo do seu jeito. E, cativante que é, conseguiu. E mereceu, como poucos. Você nos deu muitas alegrias e memórias que não vão se perder. Isso eu te garanto. Não vou deixar.

Vou sentir saudades da sua risada, das suas tiradas venenosas, dos seus comentários impróprios. E de te telefonar. E de atender seus telefonemas. E das suas análises durante os jogos do Palmeiras (fiquei sabendo da sua curiosidade sobre o placar da última partida que você acompanhou daqui). E dos almoços nos domingos. E das festas de fim de ano... Enfim, de toda você.

Continue sempre assim, onde quer que esteja.

Te amo.
Fique com Deus.